Saturday, January 28, 2017

John Hurt falece aos 77 anos. Um post para homenageá-lo

Ontem à noite, sexta-feira, fui um dos primeiros a noticiar a morte pelo meu twitter @TVCinemaRevista do grande ator inglês, John Hurt.

Ele atuou tanto no cinema como no teatro e recebeu um prêmio da Academia por “Midnight Express”  ou “O Expresso da  Meia Noite”, de 1978. Teve uma participação em “Alien, o 8º Passageiro”, três Harry Potter e Doctor Who.

E um dos seus mais aclamados papeis foi “O Homem Elefante”, de David Lynch.
Ele estava com 77 e já sofria de câncer pancreático.

Nas telas (na grande ou pequena), Hurt “morreu” centenas de vezes. “Eu acho que tenho um recorde,” disse uma vez. “Chegou a um ponto em que meus filhos não perguntavam se eu tinha morrido, e sim como eu tinha morrido?”

Em uma página do Youtube, há um vídeo intitulado “As Muitas Mortes de John Hurt”, compilando todas as mortes dele em 4 minutos e 30 segundos, deste “Um Grito de Revolta” (1962) até “O Espião que sabia demais” (2011), 40 no total.

Uma das mais notáveis foi quando ele interpretou Kane, a primeira vítima em “Alien, o 8º Passageiro”, de Ridley Scott (1979), em que ele está em uma mesa e um filhote de alien estoura do seu peito. (Como eles fizeram essa cena? Havia um peito artificial de um homem parafusado na mesa e Hurt estava debaixo dela, apenas encaixando a cabeça.)
“Ridley não contou ao elenco,” disse o produtor executivo Ronald Shusett na revista Empire em 2009. “Ele disse, ‘Eles vão apenas ver a cena.’”

“A reação vai ser a coisa mais difícil,” explicou Scott. “Se um ator já vai sabendo de antemão, você não consegue ver ele com medo de verdade. O que eu queria era uma reação fortíssima."

John  Hurt depois satirizou a cena no filme de paródia de Mel Brooks, “The Spaceballs” ou SOS: Tem um Louco Solto no Espaço (1987).

“O Homem Elefante” recebeu oito indicações ao Oscar, incluindo um para Hurt como Melhor Ator, mas não levou nada para casa na noite de cerimônia. Hurt perdeu para Robert De Niro como o boxeador Jake LaMotta em “Touro Indomável”.

Em 1980, ele recordou a extensa maquiagem que teve que usar para se tornar o homem de bom coração, mas de crânio monstruoso.
“Nunca me ocorreu que levariam oito horas para o pessoal da maquiagem colocar tudo – praticamente um dia inteiro. Havia 16 partes diferentes naquela máscara. Com toda aquela coisa, eu não poderia ter certeza do que ia fazer. Tive que confiar totalmente em David Lynch.”

Hurt também conseguiu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante e um Globo de Ouro em 1979 por “Expresso da Meia-Noite”, em que ele fez um viciado em heroína em uma prisão turca. O filme de Alan Parker era baseado na história verdadeira de Billy Hayes (feito por Brad Davis), um estudante americano pego, contrabandeando drogas.

Seus filmes mais recentes foram “Snowpiercer” ou Expresso do Amanhã (2013), “The Journey” (2016) e “Jackie” (2016). Ele ainda poderá ser visto em filmes como “That Good Night” e “My Name is Lenny”. Ainda faz o papel de Neville Chamberlain no drama de Joe Wright, “Darkest Hour”, filme com Gary Oldman como Churcill. Este filme está sendo filmado e programado para estrear no final de 2017.

John Vincent Hurt nasceu em 22 de janeiro de 1940, em Chesterfield, Derbyshire, Inglaterra. Estudou Artes pela insistência dos pais, ganhando um diploma de professor de Artes.
Desiludido com a perspectiva de ser tornar um professor, Hurt se mudou para Londres, onde ganhou uma bolsa de estudos para ator na Academia Real de Arte Dramática. Estudou lá por dois anos, conseguindo papeis pequenos em programas de TV.
“Eu queria atuar desde cedo. Não sabia como me tornar um ator, nem sabia que era possível ser um ator profissional, mas eu já tinha me decidido a ser ator desde os 9 anos,” disse ele ao jornal The Guardian em 2000. “Eu me sentia entusiasmado, com grande alegria e senti que era onde eu devia estar.”

Hurt fez sua estreia no teatro em Londres na peça “Infanticide in the House of Fred Ginger” em 1962. Naquele ano, fez seu primeiro filme, “Um Grito de Revolta”, e seu papel como o barão Richard Rich no filme “O Homem que não vendeu sua alma” (1966), o fez tornar conhecido no mundo.

Hurt trouxe seu estilo peculiar de atuar para o papel de Mr. Ollivander em “Harry Potter e a Pedra Filosofal” (2001) e “Harry Potter e as Relíquias da Morte” (2011), parte 1 e parte 2.
Também teve um papel recorrente como Trevor “Broom” Bruttenholm em “Hellboy” (2004) e “Hellboy 2”.

Outro papel interessante foi o de um líder fascista da Grã Bretanha em “V de Vingança” (2006) e o Professor Oxley em “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal” (2008).

Hurt também era conhecido, devido a sua voz calibrada com nicotina do cigarro, por narrar filmes famosos: Dogville (2003), Manderly (2005), Senhor dos Anéis (1978), este um filme de animação.

“Eu sempre fui muito consciente da voz nos filmes. Acho que é quase 50% do seu equipamento como ator,” disse uma vez. “É tão importante como sua aparência, certamente no palco, e muito possivelmente, em filmes também. Se você pensa em qualquer um dos grandes atores americanos, você vai pensar em suas vozes e em suas aparências, qualquer um deles – de Clark Gable a Rock Hudson.”

Na tela pequena, Hurt estrelou em séries como “The Storyteller”, “The Alan Clark Diaries”, “The Confession” e “Merlin” e também nas minisséries “Crime e Castigo” e “Labirinto”. Ele fez o papel de Doctor Who na temporada de 2013/2014.

Sobre sua participação em várias convenções do Dr. Who, ele disse em 2013: “Fiz algumas convenções, onde você se senta e assina autógrafos para as pessoas e tira fotos com um monte de delas vestidas de alienígenas ou Doctor Who. Ficava assustado em fazer isso, porque eu achava que eram todos malucos, mas eram absolutamente simpáticos. Não vou dizer que seja a coisa mais saudável de se fazer, nem sei se é ou não, mas as pessoas eram simpáticas. Como resistir a elas?”

Em 2012, Hurt foi homenageado com um prêmio pela sua carreira pela Academia Britânica de Filmes e TV e em 2015 foi condecorado pela Rainha Elizabeth II.

Deixa a 4ª esposa, Anwen Rees-Myers, com quem se casou em 2005 e os filhos Alexander e Nicholas.


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