Thursday, October 11, 2018

Entrevista do Roteirista Josh Singer, de “First Man” (O Primeiro Homem)



Josh Singer
O diretor Damien Chazelle, de filmes como “Whiplash: Em Busca da Perfeição” e “La La Land: Cantando Estações”, e Ryan Gosling, de “Blade Runner 2049” entre outros filmes, estão juntos de volta depois do estrondoso e premiado sucesso do musical “La La Land” para fazer agora um filme biográfico baseado no livro de James Hansen, “First Man: A Life of Neil A. Armstrong”. O livro foi adaptado pelo vencedor do Oscar por “Spotlight – Segredos Revelados”, o roteirista Josh Singer, que apesar do nome é escritor.

O filme tem ainda um grande elenco, que inclui Claire Foy como Janet Shearon, a primeira esposa de Neil, Jason Clarke (“Planeta dos Macacos: O Confronto”) como eEd White , Shea Wigham (“Kong: a Ilha da Caveira”) como Gus Grisson, Brian d’Arcy James (“13 Reasons Why”) como Joseph A. Walker, e Pablo Schreiber (“American Gods”) como Jim Lovell.

O filme vai estrear dia 18 de outubro no Brasil.

Abaixo a entrevista com Josh Singer, que ele fez para o site ComingSoon.net (CS):

CS: O que está achando da recepção do filme, até agora?
Josh Singer: Estou muito orgulhoso do trabalho  e do trabalho feito por Damien Chazelle, assim como o desempenho dos atores principais, Ryan Gosling e Claire Foy. Acho que o filme não é apenas fantástico, mas é um daqueles que em uma segunda, terceira e quarta vez assistindo, vocês verão muitas facetas e detalhes, que é algo que me fez ficar muito orgulhoso de ter participado.

Gosling e Claire Foy
CS: A Claire, como a esposa de Neil, tem um papel crucial no filme, porque o próprio Neil é tão reservado que, muitas vezes, você acha que ela está refletindo e sendo a porta voz de tudo que ele vai sofrer emocionalmente.  Poderia falar um pouco sobre ela ser um condutor emocional para ele, assim como pela própria experiência dela?
Singer: Sim, não, foi um grande desafio para nós. O Neil tem uma personalidade emocionalmente fechada, assim tivemos que  manter isso para ser verdadeiro com a realidade. Você está trabalhando com um escopo muito limitado em termos de alcance emocional e, enquanto Ryan fez tanto com tão pouco, há ainda o desafio de que você não verá explosões emocionais nesse indivíduo. Não era o tipo dele. Eu sabia que teríamos que ser limitados, certo? Eu também sabia que Ryan iria demonstrar isso como ator, mas eu sabia que seria algo limitado, contido em termos desse alcance emocional que poderíamos dar a Neil. E a resposta para esse desafio era justamente a Janet. Ela está um pouco contida também em termos do papel dela, mas não precisávamos ser tão contidos, porque Janet tinha personalidade forte e porque eu acredito que o papel da esposa de um astronauta era estar com ele 100%, segurando as pontas e estar sob o olhar do público. Eu acho que Janet manejou tudo isso com maestria e realmente poderia ser um amparo emocional para nós. Ficamos emocionados de poder ter Claire Foy para fazer o papel, porque ela é alguém que, como Ryan, pode fazer muito com tão pouco, não é? Os olhos dela são expressivos. Um dos meus momentos favoritos é quando Neil bate a porta com força, quando ele está conversando depois da Gemini 8 e isto é uma história real. Ele estava muito chateado com a Gemini 8. É quando ele bate a porta e há uma ação onde Claire reage à porta sendo batida e depois de um segundo, ela diz, “Sim, está tudo bem.” Para mim e de alguma forma nesse momento, ela resume muito sobre o que era o papel da esposa de um astronauta. E assim, ele faz uma daquelas coisas que você escreve e espera que os atores possam transmitir muito sem diálogo, com ações, com olhares. Eu acho que os dois fizeram um grande trabalho, mas não há dúvida que reconhecemos a ideia de que Janet seria o amparo, a âncora de apoio para o filme, por causa de todas as limitações com o personagem de Neil.

CS: Um pequeno e importante detalhe emocional para Neil é através do bracelete de Karen. Isso foi uma invenção ou algo que acharam nas pesquisas?
Chazelle, Gosling, Corey Stoll e Luke Haas
Singer: É uma conjectura, mas não é minha. Jim Hansen, escritor do livro, que passou 50 horas entrevistando Neil e vários anos trabalhando com ele, ele chegou ao final da sua pesquisa e essencialmente chegou à conclusão de que ele pensou que Neil pudesse ter deixado algo na superfície da Lua. E olha, isso não é incomum. Charlie Duke (astronauta da Apollo 16, que também pisou na Lua) deixou uma foto da sua família na Lua. Assim, a ideia de deixar uma lembrança na Lua era comum. Jim achou que talvez Neil tenha feito isso. Ele perguntou a Neil sobre a lista de objetos de seu kit pessoal, onde ele poderia ter colocado algo lá dentro e Neil disse que havia perdido ele, algo que seria muito atípico de Neil. Então, Jim foi até a irmã de Neil, June Hoffman, que conhecia Neil tão bem quanto quase qualquer pessoa no mundo e perguntou, “Você acha que Neil possa ter deixado algo de Janet na superfície da Lua?”. E June respondeu: “Oh, eu espero muito que sim.” Assim, nós escolhemos focar nesse momento. E a propósito, no momento em que Neil passeia na superfície lunar, há uma passagem em que ele não é filmado propositadamente para evidenciar esse caso. Não era algo que constava da lista de coisas a fazer na missão. Ele tinha uma tonelada de coisas a fazer durante o tempo na Lua, pegar amostras de rochas, fazer experiências e o contato com o presidente Nixon. Havia muita coisa que estava planejada. Aquilo não era planejado, o momento em que ele vagueia por uma cratera a oeste. Ninguém realmente fez ideia o que ele estava pensando fazer  ou o que ele fez. A conjectura de Jim era que talvez ele tenha deixado algo lá. Eu pensei, bem, se é bastante bom para o Jim e é bom para a June, então seria também bom para mim.

CS: Talvez oito ou nove anos atrás, eu tive a chance de entrevistar vários astronautas da Apollo para um documentário. Tinha o Buzz, o Michael Collins, todos eles estavam lá. Em certo ponto, Buzz indicou o dedo para meu aparelho celular, que eu tinha na época e ele disse, “Há mais tecnologia nesse telefone do que havia no módulo lunar.”  Poderia falar um pouco sobre isso, porque o filme retrata com fidelidade como os equipamentos eram tão simples e não super sofisticados como todo mundo pensava?
Singer: Sim, claro. Nós estávamos muito conscientes disso desde o começo. Era uma das coisas que ele tinha dito, que era dar um senso de como eram desafiadores e assustadores aqueles voos, como eram claustrofóbicos. Eu acho que uma das coisas que as pessoas observarão é como quase todo o filme é filmado com muitos close-ups. É muito claustrofóbico de propósito, até que você chegue à Lua. Nós tentamos passar essa ideia de claustrofobia, tanto na cabine, como o sentimento da morte onipresente em cada etapa. Eu acho que a claustrofobia é crítica, mas também há tão pouco espaço que te separa dos elementos da estrutura. Ela não era feita do material mais forte que existia. E é com baixa tecnologia, ou melhor, com a tecnologia que havia na época. Com isso dito, eles realmente tinham computadores. Esses computadores apenas estavam no chão em vez de estarem também no módulo, certo? Eu acho que tem sido um pouco de mito de como as coisas eram fáceis. Nós realmente queríamos quebrar esse mito e mostrar o desafio, porque eu acho que, em algumas maneiras, isso é muito mais inspirador do que você percebe, “Ah, sim, essas coisas estavam dentro do nosso alcance. Só tivemos que  nos sacrificar bastante.” Com o oposto a, “Não, não, eles foram super heróis e tiveram aquela coragem especial que os capacitaram para ir até lá.”

CS: No filme “Trovão Tropical”, uma das piadas era aquela em que o personagem de Robert Downey Jr. tinha interpretado Neil Armstrong. Esse personagem era um ator que queria ganhar o Oscar e ele havia ganhado todas as premiações. Como uma pessoa, que não roteirizou apenas este filme, mas vários filmes biográficos – alguns deles que ganharam o Oscar – como você foca em contar a história da maneira que precisa ser contado, oposto a contar um história que é mais atraente para a temporada de premiações?
Singer: Isso é engraçado. Eu não sei o que é ser atraente para a temporada de premiações. Pode se argumentar que fazer a história de um grande homem nos dias de hoje não seja tão atraente para a temporada de prêmios. Mas eu me sinto atraído pela história de Neil Armstrong, porque ele não é necessariamente um grande personagem da história, ele é mais um homem que se sacrifica enormemente a fim de conseguir um objetivo. Me sinto atraído por histórias que nos dizem coisas que ainda não sabemos. Como, é claro, nós sabemos que ele foi até a Lua, mas eu não creio realmente que sabemos como ele chegou à Lua. Eu acho que é uma história realmente interessante da mesma maneira como sabemos que o escândalo da Igreja Católica foi exposto pelo jornal “The Boston Globe” em 2002 (fato relatado no filme “Spotlight: Segredos Revelados”. Como eles chegaram a essa história, o fato de que eram quatro jornalistas católicos, que realmente fizeram a reportagem, baseada na sugestão de um editor-chefe judeu, isso para mim é fascinante. Eu acredito que sou profundamente um historiador amador na verdade. Eu estou menos interessado em prêmios e mais interessado em ideias provocadoras  sobre onde nós estamos. Assim, por que essa história é relevante ainda hoje? De novo, como eu disse, eu acho que pelo fato que você precisa se sacrificar para conseguir algo, isso é ser o que você vai fazer pelo seu país, não o que o país vai fazer por você. Para mim, são aprendizados que ressoam dentro de mim. O fato que ele é um líder que não estava tagarelando seu feito, não era sobre palavras e sim por ações, isso é algo que está em falta ultimamente. Se é para ser um filme de ganhar prêmios, que seja.



Fonte: ComingSoon.net



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