domingo, 9 de abril de 2017

Michael Douglas conta segredos de sua longa carreira

O ator, vencedor do Oscar, Michael Douglas revelou alguns fatos de sua carreira, durante uma entrevista com Ben Mankiewicz no 8º Festival de Filmes Clássicos da TCM ontem. A conversa de duas horas tratou de tudo de sua carreira, desde os primeiros papeis na TV e no seu próximo trabalho no filme "O Homem Formiga e a Vespa", que vai estrear em Julho de 2018 no Brasil.
A revista Variety traz aqui alguns momentos da entrevista.

O Início Cabeludo
Em 1969, Douglas fez sua estreia em filme em "O Protesto", um obscuro drama anti guerra sobre um estudante de faculdade, que se alista no exército durante a guerra do Vietnam. "Arthur Kennedy fazia o meu pai e no filme ele tem que pegar meus cabelos compridos e cortar." disse Douglas. "Aí, eu mostro para meu pai (Kirk Douglas) e ele diz 'você deveria ir ao meu barbeiro'. Tem uma maneira de fazer isso para que fique mais decente, assim você não vai parecer um total idiota." As coisas não foram tão bem assim, contudo. "Pela continuidade do filme, eu tive que usar uma peruca, um peruca de cabelos compridos durante o filme," afirmou Douglas. "Aí, vesti minha peruca de hippie e fiquei parecendo como a atriz Veronica Lake." A despeito da sua aparência extravagante, o papel deu a ele uma indicação ao Golden Globe como ator estreante.


O ninho do cuco
"Elenco era muito importante," disse Douglas sobre sua adaptação ganhadora do Oscar do livro de Ken Kesey "Um Estranho no Ninho". Douglas, que produziu o filme, trabalhou muito proximamente com o diretor Milos Forman para preencher a fictícia instituição mental de Oregon com uma galeria perfeita de pacientes e equipe. Vários atores foram convidados para o papel principal, incluindo Gene Hackman e Marlon Brando, mas ambos não quiseram fazer o papel.De acordo com Douglas, Forman queria muito que Burt Reynolds fosse escolhido para o papel, porque ele tinha o que diretor descrevia como "carisma barato". Escolher a enfermeira Ratched também foi difícil. "Com todo o devido respeito para as mulheres," disse Douglas, " o movimento das mulheres naquela época em particular dizia que uma mulher não podia fazer o papel do personagem mau." Jane Fonda e Angela Lansbury passaram o papel para frente, antes que Louise Fletcher fosse escolhido ao final.


Derretimento Silencioso
Douglas aprendeu um grande lição sobre som (ou a falta dele), quando produziu seu próximo sucesso, "A Síndrome da China". O filme mostra uma série de acidentes em uma fictícia usina nuclear, culminando com uma tensa cena de quase derretimento do reator. Contudo, na sala de edição, algo não estava certo para Douglas. "Estávamos completando a edição, colocando as coisas juntas e eu fiquei realmente impressionado com os nossos editores de som em termos de todos aqueles sons específicos, que eles encontraram para a sala de controle da usina," disse Douglas. O problema veio com a adição da trilha sonora. "Estávamos na edição e tínhamos uma boa música de um cara muito bom e uma coisa estranha aconteceu. De repente, quando colocamos a trilha, o filme se tornou melodramático. Perdeu toda a sua vitalidade." A solução arriscada foi remover a trilha toda. Sem a música, "o filme ficou mais tenso, como queríamos".


Joia Trágica
"Foi o ponto mais baixo da minha carreira de produtor," Douglas disse, se referindo ao filme "A Joia do Nilo", a continuação cheia de problemas do seu sucesso "Tudo por uma Esmeralda". A complicada produção do filme foi marcada por repetidas tragédias, incluindo um desastre de avião em Marrocos que matou seis pessoas da equipe de produção, assim como a morte da roteirista de 39 anos, Diane Thomas, que escreveu "Tudo por uma Esmeralda" e serviu como consultora para a continuação. Para agradecer a Thomas pelas contribuições dela para o filme, Douglas perguntou a ela que tipo de carro ela gostava. "Ela disse que era um Porsche e eu consegui um Porsche para ela," disse Douglas. A última vez que eu a vi foi quando ela me levou para o estacionamento para me mostrar o Porsche." E depois, ela acabou morrendo um acidente de carro duas semanas depois."


A Estratégia de Stone
Douglas ganhou um Oscar de melhor ator pelo drama "Wall Street" de 1987, feito por Oliver Stone, em grande parte graças ao método psicológico de direção de Stone. Duas semanas de filmagem e Stone veio até o trailer de Douglas com um sério problema. "Ele disse, 'Michael, você está tomando drogas? Porque você parece que nunca atuou antes na vida." Douglas, embora preocupado, não tinha ideia do que Oliver Stone estava falando. "Eu nunca vejo o que está sendo filmado," disse Douglas. "Assim, eu achei que seria melhor dar uma olhada. E ele disse, 'sim, é melhor'. Sem surpresas, o que ele viu  "parecia muito bom." A confrontação foi uma estratégia de Stone. "Oliver queria apenas que houvesse um pouco mais de raiva nas cenas, " disse Douglas. "Ele estava querendo esquecer nossa relação para obter aquele desempenho, e eu fui para a cidade e trabalhei como o diabo, depois daquela conversa." De acordo com Douglas, a mentalidade vietnam de Stone é o que fez toda a diferença. "Ele quer que você esteja na trincheira junto com ele."


Cortejando a controvérsia
O filme "Um Dia de Fúria", de 1993, foi um dos mais memoráveis papeis de Douglas."Ele tocou no espírito da época," disse Douglas. "É um filme que é constantemente lembrado como um de que as pessoas realmente gostam." Não é porque não teve controvérsia, contudo. A violência do filme e o roteiro sombrio trouxe muitas reclamações de alguns grupos étnicos. "Eu me lembro por exemplo, que havia uma cena de um comerciante coreano, em que eu entrava e ficava muito nervoso," afirmou Douglas, "Logo depois que o filme estreou, eu recebi um telefonema da Warner Brothers, dizendo, 'Mike, poderia vir até aqui? Gostaríamos que conhecesse o diretor da Associação dos Comerciantes Coreanos.'" Eles queriam que eliminássemos a cena, pois achavam que retratava os coreanos de uma forma negativa. Douglas fez o que pode para contornar a preocupação do diretor. "Eu tentei explicar que havia uma razão pela qual o roteirista criou a cena como ela é," disse Douglas. "E como resultado daquele encontro, a Associação colocou aqueles botons de carinha sorrindo nas camisas de todo mundo."




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